05. CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO CINCO
❛ cherry blossom ❜
COLOQUEI PURÊ DE batatas no meu prato no jantar daquela noite. Lucien me observou com diversão até Feyre entrar na sala de jantar.
— Boa noite. — disse Feyre, indo para seu lugar de sempre.
— Ouvi dizer que vocês dois tiveram uma tarde bem emocionante. Gostaria de ter estado lá para ajudar. — Lucien disse a ela. — Você continua linda, apesar da sua tarde enviada pelo Inferno.
— O que aconteceu esta tarde? — perguntei. Fui prontamente ignorada.
— Achei que feéricos não pudessem mentir. — Feyre bufou.
Tamlin engasgou com o vinho, e eu levantei uma sobrancelha diante da afirmação.
— Quem te disse isso? — Lucien sorriu.
— Todo mundo sabe. — ela disse, colocando comida em seu prato.
— É claro que podemos mentir. — Lucien sorriu, recostando-se na cadeira. — Achamos que mentir é uma arte. E mentimos quando dissemos àqueles mortais antigos que não podíamos falar uma mentira. De que outra forma faríamos com que confiassem em nós e fizessem o que queríamos?
— Ferro? — ela conseguiu dizer.
— Não nos faz mal nenhum. — Lucien a informou. — Só cinzas, como você bem sabe.
— Embora Lucien tenha revelado alguns dos nossos segredos bem guardados. — Tamlin disse, jogando a última palavra para seu companheiro com um rosnado. — Nós nunca usamos sua desinformação contra você. Nós nunca mentimos para você de bom grado. Você está se sentindo melhor?
— Se eu nunca mais encontrar uma naga, vou me considerar sortuda. — ela estremeceu.
— A naga? — perguntei, arregalando os olhos.
Eu nunca tinha visto nenhuma, mas Tamlin me criou ouvindo histórias sobre essas criaturas aterrorizantes para me manter longe da floresta.
— Sim, a naga. — Tamlin confirmou. — Então você fará bem em ficar na mansão, a menos que seja escoltada por mim ou Lucien. Agora, deixe-nos, eu gostaria de falar com Feyre a sós.
Assenti, levantei-me e empurrei minha cadeira. Fiz uma leve reverência para ele antes de sair.
Fui para o corredor, ressentida pelo fato de nunca ser incluída em conversas importantes. Eu me sentia inútil na maior parte do tempo.
Por quase toda a minha vida, a única companhia que tive foi Tamlin, Alis e Lucien. Eu estava tão solitária, e agora sem acesso à floresta, eu não conseguia nem ficar com os animais que eu tanto amava.
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Entrei no meu banheiro, fungando e piscando para conter as lágrimas. Abri meu armário e peguei a adaga que roubei do meu pai cinco séculos atrás.
Eu levantei minha manga, a manga que escondia as cicatrizes de séculos de abuso de mim mesma. Eu sempre usava mangas compridas, mesmo quando estava quente lá fora.
Eu também tinha cicatrizes no meu ombro das garras do meu pai. Evidência de uma de suas explosões violentas. Eu gostava de esconder todas essas cicatrizes.
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Não me deixaram fazer nada ultimamente. Tamlin nem me deixou me juntar a ele, Lucien e Feyre em um piquenique. Fiquei trancada na mansão, já que ele tinha enfeitiçado as fechaduras para que eu não pudesse sair.
Hoje à noite era Calanmai. Eu estava pressionando meu irmão para me deixar ir por anos, mas ele nunca deixou entrar.
— Por favor, eu nunca estive em Calanmai. — implorei ao meu irmão no café da manhã. Feyre ainda não tinha se juntado a nós.
— Há uma razão para isso. — ele resmungou, sem nem se dar ao trabalho de olhar para mim.
— Sou apenas dez anos mais nova que você. — protestei. Eu era mais velha que Lucien, mas era tratada como uma adolescente. — Você não pode controlar tudo o que eu faço.
— Eu posso e farei isso se isso for mantê-la segura. — ele retrucou.
— Você não iria querer ir, Mariangela. — Lucien me assegurou. — É só um bando de feéricos transando perto do fogo a noite toda.
Corei, meus olhos verdes se arregalaram em choque. Nunca me contaram o que aconteceu durante o festival.
— Não fale assim na frente dela. — Tamlin o alertou, balançando a cabeça.
— Você não acha que ela tem idade suficiente para saber...
— Lucien! — meu irmão gritou, olhando feio para o homem.
Lucien suspirou, recuando e me lançando um olhar de desculpas. Franzi os lábios, minhas bochechas ainda vermelhas.
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Sentei-me na sala de jantar naquela noite, comendo alguns biscoitos de chocolate sozinha. Imaginei que Tamlin já tivesse ido embora.
Infelizmente, eu estava errada. Eu congelei quando ele entrou na sala de jantar, obviamente estava me procurando.
— Vá para o seu quarto. — ele instruiu.
— Por quê? — eu exigi. — Vou ficar na mansão, prometo.
Mas ele já tinha agarrado meu pulso. Ele me puxou para cima e me arrastou escada acima. Ele era mais forte do que eu, então não tive escolha a não ser segui-lo.
Ele me empurrou para dentro do meu quarto, me fazendo grunhir quando eu caí no chão. Ele levantou a mão, colocando uma barreira invisível que me manteria trancada.
Eu gritei, pulando na porta, mas era tarde demais. Bati na parede invisível, gritando para ele derrubá-la. Mas ele não ouviu. Ele apenas bateu a porta na minha cara.
Eu afundei no chão, pressionando meus joelhos contra o peito enquanto lágrimas caíam dos meus olhos. Eu odiava quando ele me trancava assim.
Quando criança, quando meu pai estava cansado de mim, ele me trancava em um pequeno armário por horas a fio. Isso me deixou com um medo debilitante de espaços pequenos, do escuro e de ficar trancada.
Tamlin sabia disso muito bem, mas quando sua raiva toma conta dele, ele não pareceu se importar. Eu me perguntei se ele também trancou Feyre, ou se ela teve permissão para comparecer.
Ela tinha permissão para ir caçar com Lucien, ela saiu para um piquenique com os dois. No entanto, esperava-se que eu não saísse de jeito nenhum.
Era miserável. Eu tinha uma sacada do meu quarto, e sentar nela era a única hora que eu tinha permissão para sair. Mas com a parede, eu não podia nem fazer isso.
Minhas respirações eram superficiais, altas e dolorosas. Fechei os olhos e tentei não pensar no fato de que estava presa. Não podia sair até que ele voltasse. E era Calanmai, o que significava que ele não voltaria até o meio da manhã.
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